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terça-feira, junho 19, 2007

Estranho

Estava estranho. Agia estranho. Sabia que o mundo não era mais o mesmo, mas não conseguia sequer encontrar um marco, um divisor de águas.

Acordava e, ao olhar pro dia, pensava na voz de Emília dizendo que a vida é um eterno pisca-pisca. Ao deitar, não tentava mais ver o que fez de bom, e julgar se o dia foi produtivo ou não.

Apenas sentia. Sentia ser uma árvore ao fixar-se no meio do caminho para o carro, para ver o pôr-do-sol, ao sair do trabalho. Percebia o vento e notava seus pêlos se balançarem como folhas.

Aí, lembrava de respirar e sorria ao perceber que nunca conseguia identificar o cheiro das coisas. Só tinha esse tipo de apreensão com o perfume das mulheres. Ah, as mulheres.

Algumas insistiam em ligar. Mas só faziam ele se sentir mal por não corresponder às suas expectativas. Sabe-se lá, convidá-las para sair, tomar um chope ou ir a um cinema.

Não. Ele preferia se manter nos filmes que alugara, nos livros que começara a ler e que agora se amontoavam em sua cabeceira inacabados. Justo ele que sempre foi até o fim com tudo. Preferia não começar algo antes de terminar o que tinha iniciado.

Questão de prioridades, dizia ele. Mas agora, não sabia mais o que era isso. Nada era importante. Nada era bom o suficiente para tomar toda sua atenção.

Sentia-se exigente e, ao mesmo tempo, desesperançoso em arranjar algo que o animasse. Sabia que não estava alegre nem triste. Apenas via a vida passando futilmente, esquecível, como se o que visse não despertasse nele nenhum sentimento.

Sentimento. Sabia que estava sentindo algo, mas não encontrava uma palavra sequer para expressar aquilo, tal qual dizer que se escuta o som do silêncio. E ao perguntarem como ele estava, dizia um Tudo ótimo para não ter que se explicar se respondesse Estranho.

quarta-feira, junho 06, 2007

Horóscopo – eu me divirto – Parte I

Sempre achei horóscopo um preconceito.

Basta seguir o raciocínio.
Racismo (preconceito racial) seria dizer que “o cara é ‘ladrão’ porque é negro”.
O horóscopo diz que “a pessoa é daquele jeito porque nasceu no tal dia”.
Distraída porque é de Gêmeos;
Perfeccionista porque é de Virgem;
Difícil de lidar porque é de Escorpião.

Penso de maneira diferente.
Acredito que seja uma paranóia fazer este tipo de associação.
Lembro de um diálogo no filme “Pi”, onde o matemático diz:
“Se você ficar paranóico com um número vai encontrá-lo em todo lugar.
256 passos de casa ao carro;
256 cores;
256 metros entre o edifício e a praça” .

Com horóscopo acontece esta paranóia.
Duvida?
Então lembre daquela pessoa que pergunta primeiro o signo, antes que trabalho, nome, músicas ou filmes prediletos.
Ou vê se o namoro vai dar certo ou não pela combinação dos signos.
Ou age diferente com você porque seu signo diz que, para te agradar, tem de ser desse jeito
Ou fica surpresa quando você faz algo que não tenha nada a ver com seu signo.

Por fim, faça os 2 testes práticos que sempre executo:

1. Sempre quando perguntam o meu signo, digo “adivinha” – claro, não digo o dia em que nasci.
E a pessoa sempre erra. Ao ser revelado meu verdadeiro signo, ela diz “nossa, você não parece. Deve ser seu ascendente”

2. Minta dizendo que é de outro signo. E repare em todas as associações que ela vai fazer.

Ah, sim. Procure saber seu ascendente antes para ver o quanto as pessoas erram, assim como é errado todo preconceito.

Forasteiros
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