Nighter

Vai de uma vez

Escrevo sem esboço.
Vai de uma vez.
Pra falar de desilusão.
Que vem de uma vez.

Da euforia da esperança
Ao desencanto do não.
Vai de uma vez.

E o sorriso amarelado
Esconde a decepção.
Mais uma vez.

Pego essa merda de blog.
Vejo essa merda de vida.
Afogo tudo no whisky.
Sem gelo.
Queima.
Rasga.
Arde.
Vai de uma vez.

Na realidade,
Foi tudo um sonho.
Com nuvens brancas e pretas
Que a menina desenhou

O sonho era meu
Mas a menina é que dormia
A nuvens eram dela
Mas eu é que as via

Eu saía.
Querendo voltar.
E dizer mil coisas.

Ela ficava.
Sem dizer nada.
Pra que eu não voltasse.

Apenas desenhava nuvens
Que não eram pra mim.
Nem no sonho.

(Como disse,
Foi tudo um sonho.
Na realidade.)

Garantias

Idade não garante maturidade
Competência não garante emprego
Livro não garante inteligência
Trabalho não garante dinheiro
Reza não garante milagre
Sorriso não garante alegria
Fidelidade não garante namoro
Amizade não garante amigo
Beijo não garante amor
Escrita não garante comunicação
Poesia não garante emoção
E eu não me garanto.