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sábado, dezembro 22, 2007

2007 – Ano Velho

De cabeça. Com a cabeça virada para cima, os olhos para cima.
Na verdade, estava olhando para baixo. Vendo o chão. Distante. Fora de foco.
As mãos que antes seguravam um colete agora estavam estendidas, sem ter o que segurar.
Faltava 1min30seg para abrir o pára-quedas.
Era Janeiro de 2007.

Hoje, Dezembro de 2007.
Sinto que o ano foi um salto de pára-quedas.
Muitas vezes sem chão.
Muitas vezes com emoção.
Muitas vezes com insegurança e medo.
E pelas primeiras vezes me sentindo corajoso/imprudente.

No começo do ano, o salto de pára-quedas.
Em março, a namorada que se foi.
Duas semanas depois, a viagem à Recife. Com perigos reais e emoções surreais.
Em Julho: a demissão, com a cabeça erguida diante de um chefe prepotente.
Em Outubro: a descoberta de algum valor em todos esses anos de Jornalismo.
Durante todo o segundo semestre:
o trabalho voluntário;
as aulas de Espanhol;
as dinâmicas para trainee em Marketing;
a descoberta da Economia;
a experiência em São Tomé das Letras;
o aparelho nos dentes;
e o restauro de um corpo que não via desde meus 23 anos.
(tenho 27 e sou chamado de tio)

Mudanças, indecisões voláteis e decisões sem pestanejar.
Típicas da cabeça de um adolescente.
Talvez 2007 já possa ser chamado de Ano Velho e eu também.
Mas nunca me senti tão novo como o ano que se inicia.


Poder do Conselho



Este é o episódio em que Seu Madruga olha para o espelho e vê uma caveira, tomado pelo sentimento de angústia, após todos os moradores da vila lhe perguntarem: - sente-se mal?

Livros de auto-ajuda. Os poderes do pensamento positivo. Você pode influenciar as pessoas. Você pode consquistar qualquer garota que quiser. Basta a perseverança e a persistência. Você chega lá.

No jornal, revistas e sites. Horóscopos do dia lembram a você que hoje é o dia de se organizar, ou de dar mais atenção a sua família, ou jogar as coisas velhas fora, ou mesmo de se dedicar mais ao trabalho ou à namorada (se você não tem uma, hoje ela irá aparecer, olhe ao seu redor)

Três áreas diferentes. No fundo, o mesmo motor em comum: o poder do conselho.

Não é de hoje que me pego pensando nesse imenso poder que um conselho exerce. Esse poder de acreditar em algo que te dizem e ficar com aquilo martelando em sua cabeça, seja pelo lado bom ou ruim.

Quem disse que o céu ou o inferno não é estar de bem ou de mal com esses tais conselhos que te dão? Se você está seguindo sua religião, tem o céu que é a felicidade de saber que Deus, os astros, Alá ou os orixás estão ao seu lado. Se não seguiu, vais pagar por isso, homem de pouca fé (ou seria pouca crença no conselho alheio?)

Cheguei ao cúmulo de pensar que tudo é conselho a que somos sugestionáveis, como a emoção dos filmes, discursos de livros, amigos e familiares – tem teórico que diz que nossa identidade se forma pelo que dizem de nós (ou seja, somos feitos de conselhos)

E se a viagem está muito grande, é só passar para a prática. Tal como lembrar o ensinamento do Dalai Lama – que nada mais é que um conselho.

Se tem solução, não tem por quê se preocupar. Se não tem solução, também não tem por quê se preocupar.

Ok. Dalai Lama. Sua frase me martela toda vez que algo começa a me preocupar.

Esses tipos de ajuda até acabam sendo bons. Mas outros...

Lembro da minha última entrevista para uma grande empresa. Depois de passar várias fases (as mais difíceis) bastava só a entrevista individual com o gestor. No dia, só pra passar o tempo, resolvo ler o horóscopo só pra ver se me dá uma dica do que fazer e eis o que leio:

Evite se comunicar verbalmente
Se puder adiar qualquer atividade, adie
Se lhe perguntarem algo, cale-se
Hoje não será um dia bom para você em nenhuma área

Minha entrevista foi horrível mas até hoje me pergunto se o horóscopo estava certo ou se foi eu que fiquei com isso martelando em minha cabeça durante toda a entrevista.

Pior foi uma ex-namorada que foi a uma cartomante. Ela lhe disse que acabaria passando o resto dos dias com alguém que seria apenas uma companhia agradável e que verdadeiro amor de sua vida ela deixaria ir embora.

Coitada. Todo cara com quem ela vive no presente, sempre acha que é só uma companhia agradável. E só valoriza mesmo quando o cara vai embora se pergunta: teria sido esse o grande amor da minha vida?

Por todas essas, coloco essa questão no ar, através desse post que agora você lê. O poder do conselho é aquele que martela sua cabeça quando você menos imagina. Cuidado com os conselhos que der e receber. E não duvide que você vai lembrar desse post diversas vezes em sua vida.

Não se preocupe. Se você não ouvir agora o que eu digo, o tempo dirá.


Primeira série

É sábado a noite.
A noite está quente.
A lua está cheia.
O céu está nublado.
A janela está aberta.

O copo de whisky acaba de ser esvaziado.
O bombom de chocolate ainda está intacto.
A cidade dá uma trégua e fica silenciosa.
São 22h40.

A vontade de ficar em casa é mais forte que a de sair.
A vista lá de fora tem janelas fechadas.
Os vizinhos devem ter ido viajar (4 verbos juntos numa frase só - corrija isso professora).
Na cama estão as roupas para a viagem de amanhã.
Os pernilongos interrompem a escrita.

A escrita desse post é vã.
Ela serve só como um treino.
Este treino tem como objetivo voltar ao modo de escrever da primeira série.
Mas o mais difícil é voltar a ter o vocabulário e a visão inocente de uma criança.


Vira o disco

Alguns anos passam e os assuntos entre amigos mudam totalmente. Ao fazer uma segunda faculdade essa idéia fica ainda mais clara. Você olha para os recém-chegados, bixos de primeira faculdade e vê neles aquele brilho da coisa nova.

Os bares ficam infestados de meninos e meninas que vêem a possibilidade de mudar o mundo como uma coisa concreta. Só uma questão de tempo. E todos os problemas da sociedade – ou do sistema, que ninguém especifica direito o que é – serão resolvidos através das idéias discutidas naquela mesa de bar.

Outros falam de mulheres, desde aquele que pergunta o que você acha até aquele que julga ou espalha o famoso ouvi dizer. E alguns já combinam o que fazer na semana que vem, no feriado ou amanhã.

Isso sem tirar as conversas sazonais como os você vai nos Jogos Universitários; os você sabe o que vai cair na prova; e claro, os você entendeu alguma coisa que o professor disse.

E desce bebida.

A partir do terceiro ano, a conversa muda para o não vejo a hora de acabar a faculdade seguido do meu estágio é um saco. Nesse caso, são poucos os que vão para o bar. Parece pecado fazer isso numa hora tão crucial. Quando muito, é para aliviar o estresse.

Mas também já não é mais tão interessante assim. A maioria já prefere passar os finais de semana com o(a) namorado(a). Os papos ficam mais no dia-a-dia fútil, com a idéia de ganhar dinheiro para depois lutar contra o sistema. E a grana para a bebida não é tão grande, já que as pessoas começam a ter mais planos do que simplesmente sair pra se divertir.

Fora da faculdade, a maioria das conversas são sobre filhos, planos para subir na carreira, o sonho de ir viajar e até mercado de ações. Muitos trocam a cerveja pelo suco ou pelo whisky. As idas ao bar são poucas e, vez em quando, quando calha em ter um novato na mesa, são contadas e reescritas histórias e causos dos tempos de faculdade, sempre com tom de lenda, na espera de uma boa gargalhada no final.

Os mais novos, como sempre, não ligam. Afinal, está na hora deles montarem suas histórias. De mudarem o mundo. Antigamente, diriam para os mais velhos “vira o disco”. Hoje, já não sei como dizem. Afinal, não existe mais disco a ser virado.

Forasteiros
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