terça-feira, julho 04, 2006
Efeito Laranja Mecânica
É a primeira vez que coloco uma imagem aqui. Mas não poderia ser mais simbólica.
Explico:
Meu chefe é um daqueles caras cultos, mas com o grave problema da prepotência. Nada pode ser diferente do que ele quer e do que ele faz. Porque sempre é ele quem está certo. De vez em quando ele comete um ato de caridade: ouvir sua opinião (desde que sua opinião não seja totalmente contrária a dele).
Uma discussão com mais de três frases ping-pong (ele argumenta, você argumenta, ele replica e você replica de novo)...e pronto. Ele já levantou a voz e todos da equipe já sabem que vem chumbo grosso.
Imagine então ele como editor de seus textos. O truque para mantê-lo calmo é não contradizê-lo. Deixe que faça o que quiser e pronto. Você sai de sua sala com a missão cumprida. A não ser que ele esteja naqueles dias...e aí começamos a chegar no ponto principal.
Quando ele está naqueles dias, como hoje, começa a ver defeito em tudo. Mesmo nos textos antigos (já editados por ele, inclusive), que você apenas recortou e colou num outro tópico. Implica com cada palavra.
E as broncas são gigantes. Vêm como se você fosse o culpado por um texto editado por ele meses atrás.
Com o bom uso das palavras ele começa e lhe humilhar (nem experimente revidar que é pior). Ao lado disso, apenas o som que sai de seu computador.
Sim. Ele edita ouvindo música.
E claro, dá as broncas com a música rolando.
Aí acontece um fenômeno engraçado que chamo de efeito Laranja Mecânica
Sabe aquela música que te lembra aquela garota, uma situação, um momento bom?
Pois bem. No filme, acontece o contrário. O som da música faz o cara lembrar de imagens terríveis (as que, por acaso, o cara está olhando na imagem acima).
No meu caso, é o que anda acontecendo.
Percebi isso quando tocou Miles Davis no PC de casa.
Kind of Blue, Round About Midnight, entre outras, lembraram-me da bronca, da situação, do meu chefe naqueles dias.
Faz 3 meses que não consigo mais ouvir Miles Davis.
Hoje, foi Billie Holiday. Pensei até em pedir para ele parar a música. Mas tive receio de que isso (a falta de música) deixe meu chefe ainda mais nervoso.
Adeus Billie Holiday.
Acho que o próximo será Tom Jobim.
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