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sábado, dezembro 22, 2007

Vira o disco

Alguns anos passam e os assuntos entre amigos mudam totalmente. Ao fazer uma segunda faculdade essa idéia fica ainda mais clara. Você olha para os recém-chegados, bixos de primeira faculdade e vê neles aquele brilho da coisa nova.

Os bares ficam infestados de meninos e meninas que vêem a possibilidade de mudar o mundo como uma coisa concreta. Só uma questão de tempo. E todos os problemas da sociedade – ou do sistema, que ninguém especifica direito o que é – serão resolvidos através das idéias discutidas naquela mesa de bar.

Outros falam de mulheres, desde aquele que pergunta o que você acha até aquele que julga ou espalha o famoso ouvi dizer. E alguns já combinam o que fazer na semana que vem, no feriado ou amanhã.

Isso sem tirar as conversas sazonais como os você vai nos Jogos Universitários; os você sabe o que vai cair na prova; e claro, os você entendeu alguma coisa que o professor disse.

E desce bebida.

A partir do terceiro ano, a conversa muda para o não vejo a hora de acabar a faculdade seguido do meu estágio é um saco. Nesse caso, são poucos os que vão para o bar. Parece pecado fazer isso numa hora tão crucial. Quando muito, é para aliviar o estresse.

Mas também já não é mais tão interessante assim. A maioria já prefere passar os finais de semana com o(a) namorado(a). Os papos ficam mais no dia-a-dia fútil, com a idéia de ganhar dinheiro para depois lutar contra o sistema. E a grana para a bebida não é tão grande, já que as pessoas começam a ter mais planos do que simplesmente sair pra se divertir.

Fora da faculdade, a maioria das conversas são sobre filhos, planos para subir na carreira, o sonho de ir viajar e até mercado de ações. Muitos trocam a cerveja pelo suco ou pelo whisky. As idas ao bar são poucas e, vez em quando, quando calha em ter um novato na mesa, são contadas e reescritas histórias e causos dos tempos de faculdade, sempre com tom de lenda, na espera de uma boa gargalhada no final.

Os mais novos, como sempre, não ligam. Afinal, está na hora deles montarem suas histórias. De mudarem o mundo. Antigamente, diriam para os mais velhos “vira o disco”. Hoje, já não sei como dizem. Afinal, não existe mais disco a ser virado.

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